GE TV: Globo prepara canal esportivo no YouTube para rivalizar com CazéTV em 2025
postado por: Antonio José | em 6 setembro 2025
Um novo campo de jogo no YouTube
A Globo decidiu entrar de vez no campeonato do esporte gratuito no YouTube. A empresa trabalha na GE TV, um canal digital com estreia prevista para 2025, desenhado para encarar de frente a CazéTV, hoje a grande referência do segmento. A informação de que o lançamento está programado para o ano que vem foi confirmada pelo colunista Gabriel Vaquer, do F5.
O projeto nasce com uma proposta simples: transmissões ao vivo e gratuitas de eventos esportivos, mais programas de debate com a cara da internet. Nada de formalidade pesada. A aposta é numa linguagem leve, dinâmica e próxima do público jovem. Para acelerar a audiência, a grade deve ser distribuída pelo canal já existente do Globo Esporte no YouTube, que tem base consolidada de inscritos e histórico de vídeos e lives.
Há um detalhe estratégico aqui: a Globo não quer apenas “clonar” a TV aberta no digital. A ordem é construir um canal nativo de plataforma, com ritmo, estética e interações típicas do YouTube. Lives longas, cortes rápidos, quadros que funcionam bem em feed e presença forte no pós-jogo devem ser a espinha dorsal da programação.

Equipe, plano editorial e o recado da Globo
As primeiras contratações mostram o tom. Jorge Iggor, narrador que estava no TNT Sports desde 2007, deixou a casa e será a voz principal das transmissões. Mariana Spinelli, que passou sete anos na ESPN, também embarcou no projeto. Internamente, a Globo fala em quatro reforços-chave já contratados para montar a base do elenco. Outro sinal claro: a emissora pretende reduzir a dependência de talentos de TV Globo e SporTV, criando um time feito sob medida para o ambiente digital.
Na prática, espere formatos que já provaram tração no YouTube: pré-jogo com pauta quente, mesacasts durante partidas, reações ao vivo, resenhas no intervalo, pós-jogo com análises curtas e diretas, e programas de opinião com rodízio de comentaristas. Bastidores, treinos e histórias de atletas devem ajudar a preencher a grade entre eventos, mantendo o canal ativo o dia todo.
O recado para o mercado é direto: a Globo quer disputar atenção onde a audiência está migrando. A lógica do YouTube favorece quem entrega constância, conversa com a comunidade e sabe transformar cada jogo em conteúdo de longa cauda (clipes, cortes, melhores momentos, trechos virais). A casa tem tecnologia, produção e um arquivo poderoso para alimentar essa máquina.
Como viabilizar financeiramente? O caminho natural passa por publicidade em vídeo, patrocínios de quadros e integração com marcas dentro das lives. O YouTube oferece ferramentas de monetização nativas, mas a força comercial da Globo deve trazer acordos maiores, com entregas multiplataforma. No curto prazo, a pressão é por escala: live gratuita + grandes eventos = audiência alta e inventário premium.
O ponto mais sensível é o portfólio de direitos. A competição por licenças digitais ficou mais dura, e o público já se acostumou a ver partidas relevantes de graça em plataformas abertas. A tendência é ver a GE TV operando em três frentes: eventos com janela digital liberada; propriedades emergentes (categorias de base, modalidades femininas, ligas alternativas); e transmissões complementares que não canibalizem os pacotes de TV por assinatura e streaming já existentes. Alternativas como bastidores oficiais, narrações alternativas e watchalongs também estão na mesa para contornar limitações de direitos.
Esse movimento bate de frente com um ecossistema consolidado. A CazéTV provou que a combinação de carisma, direitos pontuais e transmissão aberta gera picos históricos de audiência. Canais de clubes, federações e veículos esportivos tradicionais também profissionalizaram suas operações no YouTube. Para se diferenciar, a Globo aposta em curadoria, produção robusta e na força do selo Globo Esporte.
Por que agora? Porque o comportamento da audiência mudou. Jogos ao vivo continuam a ser o motor de engajamento, mas a conversa que nasce antes e segue depois é o que sustenta o interesse ao longo da semana. O modelo linear perde fôlego entre os mais jovens, e a presença nativa no YouTube virou critério para relevância em tempo real.
O cronograma de 2025 indica que a GE TV ainda está em fase de montagem — testes de formato, pilotos internos e definição do grid. A decisão de usar o canal do Globo Esporte agiliza algoritmos, distribuição e notificações. Isso reduz o “custo de lançamento” e dá fôlego para experimentar o que funciona sem depender de grandes campanhas.
Para o público, o ganho é óbvio: acesso gratuito, facilidade de assistir no celular, chat ao vivo e conteúdo constante. Para o mercado, aumenta a pressão por modelos híbridos de direitos que incluam janelas abertas e narrativas multiplataforma. E para os criadores independentes, o recado é outro: o jogo ficou mais competitivo. A Globo está disposta a falar a língua da internet e disputar cada minuto de atenção.
O que já se sabe até aqui:
- Lançamento previsto para 2025, segundo Gabriel Vaquer (F5);
- Transmissões ao vivo e gratuitas, com debates e linguagem informal;
- Distribuição pelo canal do Globo Esporte no YouTube;
- Contratações confirmadas: Jorge Iggor (ex-TNT Sports) e Mariana Spinelli (ex-ESPN);
- Time próprio, sem depender do casting fixo de TV Globo e SporTV.
Resta a lista final de eventos e parceiros. Esse será o ponto que define a curva de adoção no começo. Com nomes fortes no microfone e uma estratégia 100% pensada para o digital, a Globo tenta transformar a GE TV no seu novo estádio lotado — desta vez, no YouTube.