Copa Sul-Americana: Lanús vence o Fluminense por 1 a 0 e abre vantagem nas quartas

postado por: Antonio José | em 20 setembro 2025 Copa Sul-Americana: Lanús vence o Fluminense por 1 a 0 e abre vantagem nas quartas

Lanús segura o placar, confirma força em casa e complica o Fluminense

Um gol, uma vantagem e a pressão do outro lado. Em casa, o Lanús fez o básico bem feito, venceu o Fluminense por 1 a 0 e saiu do jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana com a sensação de dever cumprido. O placar enxuto espelha o que se esperava: duelo amarrado, físico, de poucas brechas e decidido em detalhe. Para o Flu, ficou a conta de reverter o cenário no Brasil, algo que esbarra numa fase recente irregular e num rendimento fora de casa que não inspira confiança.

O time argentino entrou com a segurança de quem transforma o próprio estádio em trunfo. Foram só uma derrota nos últimos 18 jogos como mandante antes deste confronto — dado que pesou desde o primeiro minuto. Já o Fluminense desembarcou sob nuvens carregadas: três quedas nos últimos cinco compromissos do Brasileirão e uma derrota recente para o Corinthians, que acendeu o alerta para a temporada. Em copas, porém, o roteiro vinha diferente, com quatro vitórias seguidas na Sul-Americana. Era a velha pergunta: qual versão do Flu apareceria?

No campo, o Lanús fez aquilo que tem sustentado a campanha. Bloco compacto, pressão no tempo certo e muita atenção à segunda bola. Sem se abrir, empurrou o jogo para as zonas onde se sente confortável: disputas pelo alto, duelos no corredor lateral, bolas paradas e transições rápidas quando o adversário erra. O Fluminense teve a bola por bons períodos, mas pouca agressividade entrelinhas. Faltou passe vertical e gente atacando a última linha para quebrar o desenho argentino.

O gol que decidiu a noite nasceu da insistência dos donos da casa. Nada de firulas: acumularam cruzamentos, brigaram por sobras, e, em uma dessas, a defesa tricolor não conseguiu afastar com clareza. Finalização precisa de dentro da área, e a vantagem ficou com os argentinos. O desenho do jogo não mudou muito depois disso: o Lanús baixou um pouco o ritmo, administrou espaços e forçou o Flu a rodar a bola sem ferir.

Para quem estudou os números no pré-jogo, a fotografia não surpreendeu. A média de gols do Lanús na competição, mais contida (1,25 por partida), combinada à solidez defensiva em casa, sinalizava marcador baixo. Do outro lado, o Fluminense até tinha média ofensiva mais alta no torneio (1,88), mas longe do Rio vinha sofrendo: apenas duas vitórias nos últimos oito jogos como visitante e quatro derrotas no período. Analistas cravaram o “under 2,5 gols” apoiados também no recorte recente do Lanús em casa, com 10 de 11 partidas terminando abaixo desse teto. Bateu de novo.

Teve também o componente emocional. O Lanús chegou embalado por uma vitória mínima sobre o Independiente Rivadavia, que quebrou uma sequência de três jogos sem ganhar no campeonato local. Alívio que se transformou em confiança. E não custa lembrar: a classificação às quartas veio em um drama de pênaltis contra o Central Córdoba, depois de 1 a 1 no agregado. Ou seja, este elenco se acostumou a sofrer e sobreviver. Em mata-mata, isso conta.

O Fluminense, por sua vez, enfrentou os mesmos fantasmas que o atormentam longe do Maracanã: baixa efetividade na última bola e fragilidade em momentos-chave. A equipe conseguiu empurrar o Lanús para trás em trechos do segundo tempo, mas faltou profundidade — inversões de lado saíram lentas, e os cruzamentos foram previsíveis. Quando acelerou por dentro, esbarrou na densidade do miolo argentino. E, sem uma noite inspirada na bola parada ofensiva, a chance do empate ficou sempre um passo distante.

O que muda para o jogo de volta e os ajustes que podem decidir

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O recado da ida é direto: a margem é curta, mas o Lanús ganhou o direito de jogar por um empate no Brasil. Com a regra do gol fora abolida nas competições da Conmebol, a missão do Fluminense é simples no papel e complexa na prática — vencer por dois gols para avançar sem drama, ou por um para levar aos pênaltis, dependendo do regulamento específico desta fase. O que está claro é que o time carioca precisa subir um degrau em intensidade e precisão.

Quais são as alavancas? Primeiro, volume com critério. Não basta cruzar mais; é preciso preparar melhor o último terço, com ataques às costas dos laterais e infiltração de meias para arrastar a marcação. Segundo, variar a saída de bola para não convidar a pressão. Alternar construção curta com ligações longas de surpresa pode desmontar o bloco médio do Lanús. Terceiro, melhorar a reação à perda: contra os argentinos, cada erro vira transição perigosa.

O Lanús, se mantiver a frieza, tem um roteiro claro: controle de ritmo, escudo na frente da área e transições para matar. A gestão das faltas — parar o jogo quando necessário sem exageros — vira detalhe de ouro. E a bola parada ofensiva pode ser a carta para ampliar a vantagem caso o Fluminense se exponha cedo.

Há também o fator psicológico. O time argentino sai fortalecido por confirmar a própria identidade. O brasileiro carrega a urgência de recuperar desempenho em meio a um calendário pesado. No Maracanã lotado, a temperatura sobe. Para o Flu, isso pode ser combustível, desde que a equipe não confunda pressa com velocidade. Para o Lanús, o desafio será não se encolher demais e entregar o campo inteiro ao adversário.

Alguns recortes ajudam a entender por que a série segue aberta, mas com favoritismo momentâneo dos argentinos:

  • Mandante dominante: antes da partida, o Lanús tinha apenas uma derrota em 18 jogos em casa. A vitória reforça o padrão.
  • Visitante instável: o Fluminense contabilizava só duas vitórias em oito saídas recentes e quatro derrotas nesse período.
  • Roteiro de poucos gols: 10 dos últimos 11 jogos do Lanús como mandante terminaram com até dois gols no placar. A ida repetiu a tendência.
  • Resiliência em mata-mata: o Lanús avançou nas oitavas nos pênaltis após 1 a 1 no agregado contra o Central Córdoba. Sabe jogar no limite.
  • Peso do momento: o Fluminense vinha de três derrotas em cinco partidas no Brasileirão, mas tinha quatro vitórias seguidas na Sul-Americana antes desta ida.

Em termos de arbitragem, o ritmo favoreceu o estilo do Lanús: jogo de divididas, contato físico permitido sem picotar demais, e poucos espaços para acelerações limpas do Flu. Essa régua pode mudar no Brasil, e isso afeta diretamente a maneira como cada time morde e como o outro encontra linhas de passe.

Em série de 180 minutos, o primeiro capítulo costuma parecer xadrez: mais sobre controlar do que sobre se arriscar. Foi o que se viu. O Lanús guardou o rei, ganhou material com um 1 a 0 que vale muito, e empurrou a pressão para o lado tricolor. O Fluminense tem peças e talento para virar o tabuleiro no jogo de volta, mas vai precisar melhorar tomada de decisão no terço final e reduzir erros que alimentam o contra-ataque argentino.

Ficou, portanto, a leitura de uma vantagem real, mas frágil. O Lanús pode administrar, sim, mas não tem a série no bolso. O Fluminense deve corrigir rota e transformar a posse em chances claras. E o torcedor? Vai ver uma volta quente, com nervos à flor da pele e cada detalhe pesando como ouro.