Copom mantém taxa Selic em 10,5%, a terceira mais alta do mundo
postado por: Davi Oliveira | em 1 agosto 2024Copom mantém taxa Selic em 10,5%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, de forma unânime, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano. A decisão foi tomada durante a reunião do comitê no dia 31 de julho de 2024, refletindo uma postura cautelosa frente a um ambiente externo adverso e incertezas econômicas e políticas tanto no âmbito doméstico quanto global.
Contexto Econômico Global e Doméstico
Neste cenário, a taxa Selic do Brasil se destaca como a terceira maior taxa de juros real do mundo, atrás apenas da Turquia, com 12,13%, e da Rússia, com 7,55%. A manutenção da Selic em patamares elevados evidencia a preocupação do Copom em controlar a inflação e assegurar a estabilidade econômica, mesmo diante de um contexto internacional volátil e imprevisível.
A Composição do Copom
O Copom é composto por nove membros, sendo cinco deles indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e quatro pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os nomeados por Bolsonaro estão Roberto Campos Neto, que preside o Banco Central, e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Por sua vez, Lula escolheu Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.
Decisão Cautelosa Frente ao Cenário Externo
A decisão de manter a taxa Selic em 10,5% reflete uma abordagem prudente, especialmente diante das incertezas relacionadas à política monetária dos Estados Unidos e às dinâmicas inflacionárias em diversos países. A economia global continua a enfrentar desafios significativos, como a alta dos preços das commodities, a guerra na Ucrânia e os impactos prolongados da pandemia de COVID-19.
Robustez da Economia e do Mercado de Trabalho Domésticos
No cenário doméstico, o Banco Central observou uma atividade econômica robusta e um mercado de trabalho fortalecido, fatores que suportam a decisão de manter a Selic. A estabilidade da taxa de juros é vista como fundamental para garantir um ambiente mais previsível e seguro para investimentos, contribuindo para a recuperação e o crescimento econômico sustentado.
Comparativo Internacional das Taxas de Juros
Além da Turquia e da Rússia, países como México, África do Sul, Indonésia, Hong Kong, Itália, Reino Unido e Filipinas também figuram entre os que possuem as maiores taxas de juros reais. Essa comparação realça a complexidade do cenário global, no qual cada nação ajusta suas políticas monetárias conforme suas realidades econômicas e desafios específicos.
Tensões Políticas e Econômicas
O ambiente político no Brasil continua a influenciar significativamente as decisões econômicas. Recentemente, o presidente Lula criticou abertamente Roberto Campos Neto, o que evidencia as tensões entre o Planalto e o Banco Central. Ainda que a independência do Banco Central seja garantida por lei, as divergências entre o poder Executivo e a política monetária podem gerar incertezas e afetar a percepção interna e externa sobre a estabilidade econômica do país.
A manutenção da Selic deve ser vista não apenas como uma ferramenta de controle inflacionário, mas também como um reflexo da cautela do Copom diante de um mundo em constante transformação e repleto de incertezas. A posição do Brasil como terceiro no ranking das maiores taxas de juros reais é tanto um indicativo da complexidade da economia nacional quanto das prioridades do Banco Central em assegurar a estabilidade e o crescimento a longo prazo.
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