IPCA de setembro sobe 0,48% e energia elétrica volta a ser vilã

postado por: Antonio José | em 10 outubro 2025 IPCA de setembro sobe 0,48% e energia elétrica volta a ser vilã

O IPCA de setembro de 2025 fechou com alta de 0,48%, um número abaixo da expectativa de 0,52% que circulava entre analistas. O dado foi divulgado nesta quinta‑feira, 9 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Rio de Janeiro. Apesar da leve alta, a energia elétrica retomou o papel de "vilã" da inflação, puxando o grupo habitação para quase 3% de alta.

Contexto da inflação no Brasil

Nos últimos dois anos, o Brasil tem navegado entre períodos de pressão e alívio inflacionário. Em agosto, o IPCA registrou deflação de 0,11%, graças ao fim temporário do bônus de Itaipu que reduziu as contas de luz. Porém, a tendência de alta de energia voltou a se consolidar em setembro, justamente quando o mercado ainda esperava um desaquecimento mais robusto.

Para quem acompanha o INPC, que mede a inflação para famílias de menor renda, o cenário foi igualmente delicado: 0,52% de alta, com acumulado de 5,10% em 12 meses.

Detalhes do IPCA de setembro

Os números do IBGE mostram que o índice de difusão — a parcela de itens que subiram — recuou de 57% para 52%, indicando que menos produtos estão impulsionando a alta geral. Excluindo‑se o efeito da energia elétrica, a inflação mensal teria sido de apenas 0,08%.

  • Grupo habitação: +2,97%, impulsionado principalmente pelo fim do bônus de Itaipu.
  • Energia elétrica: alta de 27,30% em São Luís, a região com maior variação.
  • Gasolina: contribuição positiva, mas sem números detalhados no comunicado.
  • Alimentação e Bebidas: -0,26% em setembro, com quedas marcantes em tomate (-11,52%), cebola (-10,16%) e alho (-8,70%).

Outros grupos apresentaram deflação: Comunicação (-0,17%) e Artigos de Residência (-0,40%). Já Vestuário (+0,63%) e Saúde (+0,17%) registraram altas modestas.

Reação de economistas e do mercado

Reação de economistas e do mercado

O André Valério, economista sênior do Banco Inter, avaliou que "o resultado qualitativo do IPCA foi amplamente positivo", apesar da pressão do consumo de energia. Para ele, o desacelerado núcleo de inflação, que caiu para 0,19% (menor desde março de 2024), aponta para uma tendência de contenção que pode aliviar a carga sobre a política monetária.

Investidores, por sua vez, viram a notícia como uma pequena lufada de ar fresco. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou leves altas nos papéis de energia, enquanto títulos do Tesouro Nacional ganharam algum fôlego devido à expectativa de que a taxa Selic possa desacelerar nas próximas reuniões do Copom.

Impacto regional e setorial

A disparidade entre São Luís e Salvador ilustra como a energia elétrica pode gerar choques locais. Enquanto a capital maranhense viu a conta de luz inflacionar quase 30%, Salvador ficou com apenas 0,17% no índice geral, sustentado por quedas em tomate e seguro de veículos.

Na esfera dos alimentos, a sequência de quatro meses de queda nos preços sugeriu um alívio para o bolso do consumidor. No entanto, o recuo da inflação de serviços, de 0,39% para 0,13% — o menor nível desde junho de 2024 — também sinaliza que a demanda por serviços intensivos em mão‑de‑obra está se ajustando, possivelmente em resposta a taxas de juros ainda elevadas.

Perspectivas e próximos passos

Perspectivas e próximos passos

O próximo relatório de inflação, previsto para 10 de novembro, mostrará se a energia continuará a puxar o índice ou se o efeito do bônus de Itaipu será suficiente para conter novos aumentos. Enquanto isso, o cálculo do salário mínimo de 2026 ainda depende do INPC de dezembro, que será divulgado no fim do ano.

Especialistas alertam que, mesmo com a desaceleração dos núcleos, a inflação ainda está acima da meta de 3% estabelecida pelo governo. A expectativa é de que o Banco Central use esses números para calibrar a política de juros, possivelmente mantendo a Selic em patamares próximos a 13,75% até que a inflação esteja firmemente dentro da meta.

Frequently Asked Questions

Por que a energia elétrica voltou a ser o principal fator de alta?

O fim do bônus de Itaipu, concedido em agosto, fez com que as tarifas de energia subissem novamente. Em São Luís, por exemplo, a conta de luz aumentou 27,30%, puxando o grupo habitação para quase 3% de alta no IPCA.

Como o IPCA de setembro se compara à expectativa do mercado?

Analistas previam uma alta de 0,52% para setembro; o índice subiu 0,48%, ficando ligeiramente abaixo da projeção. Sem a energia, a inflação teria sido apenas 0,08%.

Qual é o impacto do IPCA no reajuste de salários e benefícios?

O INPC, que costuma acompanhar o IPCA, serve de base para o reajuste do salário mínimo, seguro‑desemprego e teto do INSS. Portanto, a taxa de inflação de setembro influenciará esses pagamentos a partir de 2026.

O que a queda nos preços dos alimentos indica para a economia?

A diminuição de 0,26% no grupo Alimentação e Bebidas, com quedas acentuadas em tomate, cebola e alho, sugere que a pressão sobre o custo de vida está amainando, o que pode melhorar o consumo interno nos próximos meses.

1 Comment

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    Elis Coelho

    outubro 10, 2025 AT 04:59

    O governo esconde a real origem da alta da conta de luz há um lobby vivo entre as concessionárias e os bancos internacionais O bônus de Itaipu nunca foi uma política genuína foi apenas um mecanismo de manipulação de indicadores Quando a energia volta a subir a inflação inflaciona e o povo paga enquanto os poderosos se beneficiam A metodologia do IBGE é controlada por agências estrangeiras que ajustam o índice ao seu favor Por isso desconfiem das cifras oficiais e pesquisem fontes independentes

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