O IPCA de setembro de 2025 fechou com alta de 0,48%, um número abaixo da expectativa de 0,52% que circulava entre analistas. O dado foi divulgado nesta quinta‑feira, 9 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Rio de Janeiro. Apesar da leve alta, a energia elétrica retomou o papel de "vilã" da inflação, puxando o grupo habitação para quase 3% de alta.
Contexto da inflação no Brasil
Nos últimos dois anos, o Brasil tem navegado entre períodos de pressão e alívio inflacionário. Em agosto, o IPCA registrou deflação de 0,11%, graças ao fim temporário do bônus de Itaipu que reduziu as contas de luz. Porém, a tendência de alta de energia voltou a se consolidar em setembro, justamente quando o mercado ainda esperava um desaquecimento mais robusto.
Para quem acompanha o INPC, que mede a inflação para famílias de menor renda, o cenário foi igualmente delicado: 0,52% de alta, com acumulado de 5,10% em 12 meses.
Detalhes do IPCA de setembro
Os números do IBGE mostram que o índice de difusão — a parcela de itens que subiram — recuou de 57% para 52%, indicando que menos produtos estão impulsionando a alta geral. Excluindo‑se o efeito da energia elétrica, a inflação mensal teria sido de apenas 0,08%.
- Grupo habitação: +2,97%, impulsionado principalmente pelo fim do bônus de Itaipu.
- Energia elétrica: alta de 27,30% em São Luís, a região com maior variação.
- Gasolina: contribuição positiva, mas sem números detalhados no comunicado.
- Alimentação e Bebidas: -0,26% em setembro, com quedas marcantes em tomate (-11,52%), cebola (-10,16%) e alho (-8,70%).
Outros grupos apresentaram deflação: Comunicação (-0,17%) e Artigos de Residência (-0,40%). Já Vestuário (+0,63%) e Saúde (+0,17%) registraram altas modestas.
Reação de economistas e do mercado
O André Valério, economista sênior do Banco Inter, avaliou que "o resultado qualitativo do IPCA foi amplamente positivo", apesar da pressão do consumo de energia. Para ele, o desacelerado núcleo de inflação, que caiu para 0,19% (menor desde março de 2024), aponta para uma tendência de contenção que pode aliviar a carga sobre a política monetária.
Investidores, por sua vez, viram a notícia como uma pequena lufada de ar fresco. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou leves altas nos papéis de energia, enquanto títulos do Tesouro Nacional ganharam algum fôlego devido à expectativa de que a taxa Selic possa desacelerar nas próximas reuniões do Copom.
Impacto regional e setorial
A disparidade entre São Luís e Salvador ilustra como a energia elétrica pode gerar choques locais. Enquanto a capital maranhense viu a conta de luz inflacionar quase 30%, Salvador ficou com apenas 0,17% no índice geral, sustentado por quedas em tomate e seguro de veículos.
Na esfera dos alimentos, a sequência de quatro meses de queda nos preços sugeriu um alívio para o bolso do consumidor. No entanto, o recuo da inflação de serviços, de 0,39% para 0,13% — o menor nível desde junho de 2024 — também sinaliza que a demanda por serviços intensivos em mão‑de‑obra está se ajustando, possivelmente em resposta a taxas de juros ainda elevadas.
Perspectivas e próximos passos
O próximo relatório de inflação, previsto para 10 de novembro, mostrará se a energia continuará a puxar o índice ou se o efeito do bônus de Itaipu será suficiente para conter novos aumentos. Enquanto isso, o cálculo do salário mínimo de 2026 ainda depende do INPC de dezembro, que será divulgado no fim do ano.
Especialistas alertam que, mesmo com a desaceleração dos núcleos, a inflação ainda está acima da meta de 3% estabelecida pelo governo. A expectativa é de que o Banco Central use esses números para calibrar a política de juros, possivelmente mantendo a Selic em patamares próximos a 13,75% até que a inflação esteja firmemente dentro da meta.
Frequently Asked Questions
Por que a energia elétrica voltou a ser o principal fator de alta?
O fim do bônus de Itaipu, concedido em agosto, fez com que as tarifas de energia subissem novamente. Em São Luís, por exemplo, a conta de luz aumentou 27,30%, puxando o grupo habitação para quase 3% de alta no IPCA.
Como o IPCA de setembro se compara à expectativa do mercado?
Analistas previam uma alta de 0,52% para setembro; o índice subiu 0,48%, ficando ligeiramente abaixo da projeção. Sem a energia, a inflação teria sido apenas 0,08%.
Qual é o impacto do IPCA no reajuste de salários e benefícios?
O INPC, que costuma acompanhar o IPCA, serve de base para o reajuste do salário mínimo, seguro‑desemprego e teto do INSS. Portanto, a taxa de inflação de setembro influenciará esses pagamentos a partir de 2026.
O que a queda nos preços dos alimentos indica para a economia?
A diminuição de 0,26% no grupo Alimentação e Bebidas, com quedas acentuadas em tomate, cebola e alho, sugere que a pressão sobre o custo de vida está amainando, o que pode melhorar o consumo interno nos próximos meses.
Elis Coelho
outubro 10, 2025 AT 04:59O governo esconde a real origem da alta da conta de luz há um lobby vivo entre as concessionárias e os bancos internacionais O bônus de Itaipu nunca foi uma política genuína foi apenas um mecanismo de manipulação de indicadores Quando a energia volta a subir a inflação inflaciona e o povo paga enquanto os poderosos se beneficiam A metodologia do IBGE é controlada por agências estrangeiras que ajustam o índice ao seu favor Por isso desconfiem das cifras oficiais e pesquisem fontes independentes
Camila Alcantara
outubro 10, 2025 AT 21:46É vergonhoso ver o Brasil ainda depender de energia importada enquanto o patrão das concessionárias enche os bolsos Cada ajuste de tarifa é um golpe de estado econômico que só beneficia a elite Defendemos a soberania energética e a cobrança justa para quem realmente gera a energia A população merece transparência e preços que não massacrem o salário
Cris Vieira
outubro 11, 2025 AT 14:43Observando os números do IPCA nota‑se que a energia disparou apenas em algumas regiões, como São Luís, enquanto outras mantiveram estabilidade A variação regional indica que políticas locais influenciam o preço final ao consumidor Também é relevante analisar como o grupo habitação impactou o índice geral Essa visão ajuda a entender onde focar medidas corretivas
Davi Gomes
outubro 11, 2025 AT 18:03É isso aí, a coisa toda tem nuance Vamos acreditar que as decisões vão melhorar, afinal
Luana Pereira
outubro 12, 2025 AT 09:20O panorama inflacionário demonstra que, apesar da leve desaceleração, a energia elétrica permanece um fator de risco Sem intervenções efetivas, a pressão sobre os consumidores continuará
Carlos Homero Cabral
outubro 12, 2025 AT 23:13Gente, que alívio ver a inflação abaixo da expectativa!!! 🙌🙌 Mas não podemos relaxar, a energia ainda é a vilã!!! Vamos ficar de olho nos próximos números!!! 🚀🚀
Shirlei Cruz
outubro 13, 2025 AT 13:06Compreendo a frustração dos brasileiros diante do aumento da conta de luz. É fundamental que haja transparência nas políticas tarifárias para que a confiança seja restabelecida.
Williane Mendes
outubro 13, 2025 AT 17:16De fato, a disparidade setorial evidencia a necessidade de recalibrar o modelo tarifário, sobretudo ao considerar externalidades regulatórias que impactam o custo marginal da energia. A análise macroeconômica requer um enfoque interdisciplinar que incorpore métricas de eficiência e equidade.
Andresa Oliveira
outubro 14, 2025 AT 03:00Ambos os lados precisam de soluções reais.
Thalita Gonçalves
outubro 14, 2025 AT 16:53O recente levantamento do IPCA deixa patente que a política energética nacional está irremediavelmente falha. A retomada da energia como “vilã” da inflação não é mero acaso, mas consequência direta da incapacidade do Estado em garantir suprimento estável. Enquanto os ministros pregam reformas, nas favelas o cidadão vê sua conta de luz inflar quase 30%, em São Luís, o que evidencia desigualdade gritante. Essa discrepância regional evidencia uma falha crônica na regulação das concessionárias, que operam sob privilégios indevidos. O bônus de Itaipu, ao ser suspenso, revelou o verdadeiro custo oculto da energia subsidiada, que no passado serviu a artifícios políticos. Não há como ignorar que o modelo de concessão atual favorece grupos oligárquicos, que manipulam tarifas em benefício próprio. O Banco Central, ao observar a desaceleração dos núcleos, não pode se dar ao luxo de ceder à complacência. A taxa Selic, ainda elevada, precisa ser manejada com rigor para conter a espiral inflacionária que desestabiliza a população. Os analistas que previram 0,52% demonstraram mais acuidade que os formuladores de política, que subestimam o peso da energia. É imperativo que o Congresso promova uma revisão legislativa que restrinja os aumentos tarifários abusivos. A transparência nos contratos de energia deve ser mandatória, sob pena de sanções severas. A justiça social exige que se democratize o acesso à energia, com tarifas progressivas que respeitem a capacidade contributiva. A falta de investimentos em fontes renováveis apenas perpetua a dependência de fontes caras e voláteis. Portanto, o futuro da inflação brasileira está intrinsecamente ligado à capacidade do governo de reestruturar o setor elétrico. Em suma, a única saída viável é a combinação de políticas fiscais responsáveis, regulação rigorosa e incentivo à energia limpa.
Jocélio Nascimento
outubro 15, 2025 AT 06:46Agradeço as colocações e reforço a necessidade de monitoramento constante dos indicadores de energia para decisões estratégicas.
Eduarda Antunes
outubro 15, 2025 AT 10:56Concordo totalmente, vamos acompanhar de perto e compartilhar as novidades com a galera!
Jéssica Farias NUNES
outubro 15, 2025 AT 20:40Ah, claro, porque a solução milagrosa está em tabelas de IBGE enquanto o cidadão mal tem luz para estudar. A ironia da política econômica moderna é digna de um roteiro de ficção.
Francis David
outubro 16, 2025 AT 10:33É interessante observar como a variação regional pode mudar a percepção geral da inflação, cada estado tem sua própria história.
José Cabral
outubro 17, 2025 AT 00:26Vamos esperar o próximo relatório para confirmar tendências.