Netflix setembro 2025: Wednesday 2, House of Guinness e os destaques do mês
postado por: Antonio José | em 23 agosto 2025
Setembro da virada: reviravolta em Wednesday e aposta histórica com Steven Knight
Surpresa logo de cara: Gwendoline Christie está de volta como a diretora Weems, mesmo após a aparente morte no fim da primeira temporada. É com esse gancho que a Netflix abre o mês em alta voltagem com Wednesday (Wandinha) — Season 2 Part 2 — no dia 3. O retorno da personagem mexe diretamente com o arco de Wednesday, vivida por Jenna Ortega, que precisa recuperar suas habilidades psíquicas e, de quebra, impedir a morte de Enid enquanto encara a escuridão que ronda Jericho e a própria Nevermore Academy. É um movimento ousado que reposiciona a série: não é só sobre mistério adolescente; é sobre poder, lealdade e as consequências de brincar com forças que fogem do controle.
O impacto cultural de Wednesday desde a estreia não foi acidente. A série misturou humor ácido, estética gótica e um elenco afiado para criar um fenômeno. Agora, com a reentrada de Weems, a narrativa ganha uma figura de autoridade com camadas — e com história para ajustar as regras do jogo. Para o público, a pergunta que fica é: o quanto Wednesday está disposta a ceder para salvar quem ama? E qual o preço de reabrir portas que deveriam ter ficado fechadas?
Na outra ponta do mês, em 25 de setembro, chega uma das apostas globais da plataforma: House of Guinness. Criada por Steven Knight, o cérebro por trás de Peaky Blinders, a série mira o século 19 para contar as disputas entre herdeiros da famosa cervejaria Guinness, atravessando Dublin e Nova York. Knight conhece como poucos as engrenagens do poder — e como famílias ricas constroem impérios entre salões de madeira escura, acordos de bastidor e violência elegante. A promessa aqui é um drama histórico que não fica preso ao museu: tem ambição, rivalidade e o choque entre tradição e modernidade.
Contexto ajuda a perceber a mira da série: o nome Guinness não é só rótulo. É patrimônio industrial, diplomático e cultural da Irlanda, com tentáculos no mundo inteiro. Ao levar a trama para Nova York, a produção abre espaço para imigração, finanças e a construção do capital moderno. Não é um “Peaky” com espuma; é outro tipo de briga, com taças tilintando, mas dentes à mostra.
Ainda no território urbano, mas em registro mais sombrio, Black Rabbit, que estreia em 18 de setembro, junta Jude Law e Jason Bateman num thriller de crime e redenção ambientado no submundo de Nova York. Dois nomes fortes em papéis de alta pressão já dizem muito. A cidade funciona como personagem, e a promessa é de um mergulho no acerto de contas entre passado e presente, com decisões que não se desfazem e alianças que custam caro. Se funcionar, vem aquele tipo de série que a gente vê de madrugada, no automático, porque o próximo episódio fisga sem pedir licença.
Para quem busca tensão psicológica, Desobedientes (Disobedient), em 25 de setembro, acompanha uma policial convencida de que uma escola para adolescentes problemáticos guarda segredos escuros. O que chama atenção é a escolha de cenário: escolas são, por natureza, lugares de regra e repetição — perfeitos para esconder rituais, distrações e abusos. O suspense aqui cresce na suspeita, não na explosão. É sobre quem manda, quem obedece e por que algumas instituições preferem a reputação à verdade.
Entre as novidades latinas, The Dead Girls traz uma minissérie mexicana baseada no livro de Jorge Ibargüengoitia, focada nas irmãs Baladro, que ergueram um império de bordéis nos anos 1960 e se tornaram assassinas implacáveis. O texto original já era ácido e direto; em tela, a história ganha uma leitura sobre poder feminino distorcido por ganância, moralidade seletiva e impunidade. A década de 60, com seus códigos machistas e suas autoridades “de vista grossa”, faz o pano de fundo perfeito para mostrar como a lei falha quando o dinheiro fala mais alto.
Para o público jovem, Wolf King retorna com a segunda e última temporada — um encerramento que tende a unir frentes abertas e preparar personagens para um adeus digno. Baseada nos livros de Curtis Jobling, a animação foca aventura, transformação e escolhas difíceis em um mundo que testa lealdades. Finalizar uma história assim exige ritmo e coragem: não dá para agradar todo mundo, mas dá para fechar a conta com coerência e coração.

Realities 50+, humor, documentário e filmes: variedade de verdade
Quer ver gente se apaixonando sem o filtro da juventude? Love is Blind: Brazil — A Fresh Start chega com um recorte raro na TV: participantes acima de 50 anos. É o formato que você conhece — conexões às cegas, conversas intensas, encontros sem a distração da aparência —, mas com repertórios de vida maiores, divórcios na bagagem, filhos adultos e prioridades diferentes. A chance de ver conversas mais diretas sobre independência financeira, sexualidade madura e a pergunta que não cala: como recomeçar quando o mundo insiste em tratar o amor como coisa de gente jovem?
A franquia também desembarca oficialmente no país vizinho do idioma de Molière com Love is Blind: France — Season 1. A versão francesa tende a brincar com etiqueta, franqueza e o famoso jogo entre razão e emoção típico da cultura local. Para a Netflix, é mais um passo na estratégia de globalizar formatos que já provaram força — cada país adiciona tempero próprio e rende novas narrativas para exportação.
Na seara do melodrama contemporâneo, Tyler Perry’s Beauty in Black volta para a Season 2. A série continua de onde parou: Kimmie, antes subestimada, herda a empresa da família e assume o comando. Perry é mestre em folhetins de alta rotação — decisões no limite, reviravoltas no último minuto, moral e ambição brigando no mesmo corpo. O arco de Kimmie toca em autoestima, poder e aquela sensação de “agora é minha vez” que move muita gente que passou a vida ouvindo “não”.
Quer rir? Jordan Jensen: Take Me With You entrega um especial de stand-up com humor confessional e observações diretas sobre relacionamentos, trabalho e a arte de não desabar em público. O formato é simples — comediante, microfone, público perto —, mas quando a escrita é boa, a hora passa voando. Ideal para dar um respiro no meio de tanta trama pesada.
Para quem gosta de bastidores de celebridades, aka Charlie Sheen chega como documentário original. Vida, carreira, ascensão meteórica, queda em câmera lenta, manchetes, contratos, conflitos públicos e reinvenção — o pacote todo. Documentários assim funcionam quando passam do fofocalizador e viram espelho da indústria: o que Hollywood cria, o que ela consome e o que ela descarta quando a imagem racha.
A vitrine internacional deste mês segue forte. Kontrabida Academy, comédia filipina, promete sátira esperta sobre vilania como vocação — o tipo de humor que brinca com estereótipos de telenovela e cultura pop local. Já Diary of a Ditched Girl, drama romântico sueco, acompanha uma mulher que não desistiu de namorar mesmo após uma coleção de encontros ruins. São histórias que viajam bem justamente porque falam de códigos universais: a piada do fracasso amoroso e a fé teimosa de que o próximo encontro pode ser diferente.
Na carteira de filmes, Bombshell (2019) entra no catálogo com Charlize Theron, Margot Robbie e Nicole Kidman em um relato tenso sobre as mulheres que derrubaram Roger Ailes na Fox News. A produção foi indicada ao Oscar, e o elenco entrega um trabalho afinado, com maquiagem transformadora e clima de redação que pega. Para quem curte histórias reais que mexem com estruturas de poder, é um prato cheio.
Para ver com a família, Are You There God? It’s Me, Margaret adapta o clássico de Judy Blume com sensibilidade rara. A história acompanha Margaret, de 11 anos, em mudanças de cidade, novas amizades e os dilemas da pré-adolescência. É aquele tipo de filme que acerta ao falar de fé, corpo e identidade sem subestimar a inteligência de quem está do outro lado da tela. Funciona para pais e filhos — cada um se revê em um ponto diferente da história.
Se a ideia é fazer um mapa rápido do mês, dá para organizar assim: séries fortes puxam o bonde (Wednesday, House of Guinness, Black Rabbit, Desobedientes), a América Latina marca presença com The Dead Girls, e há espaço para realities com recorte geracional, humor afiado, documentário de figura controversa e duas escolhas certeiras de cinema — uma premiada e outra queridinha de leitores há décadas. O saldo é plural de verdade.
Por que essa mistura importa? Porque mostra o caminho atual da plataforma: diversificar por país, por faixa etária e por tom. O espectador hoje não é de uma coisa só. Quer ver suspense barulhento e, no dia seguinte, um drama histórico elegante; quer um reality que não trate maturidade como problema e uma animação que encerre um ciclo com dignidade. Quando uma grade mensal oferece essa amplitude, não é coincidência — é ajuste fino a partir de dados e, sim, de escuta do que pegou e do que faltou.
Vale ficar de olho também no “efeito conversa”. Títulos como Wednesday geram fanart, teorias e especulações nas redes. Dramas de época, tipo House of Guinness, rendem threads sobre história, figurinos e trilhas. Realities, por sua vez, viram pauta de mesa de bar. Cada peça dispara um tipo de conversa — e conversa mantém assinatura ativa. É jogo de longo prazo.
Se você gosta de chegar preparado, anote as datas-chave e deixe o resto no radar. Tem muita coisa chegando sem alarde que pode virar a sua descoberta do mês — aquele play que você dá sem esperar muito e, três horas depois, está indicando para todo mundo.
- 3 de setembro: Wednesday — Season 2 Part 2
- 18 de setembro: Black Rabbit
- 25 de setembro: House of Guinness e Desobedientes
O restante desembarca ao longo do mês, com anúncios e trailers pingando nas semanas anteriores. A recomendação é simples: use a lista de desejos do aplicativo, ative alertas de estreia e ajuste expectativas pelo humor do dia. Drama pesado? Vá de Black Rabbit. Clima de maratona intrigante? Wednesday. Intriga elegante? House of Guinness. Quer conversa franca sobre recomeços? Love is Blind: Brazil — A Fresh Start. Tem opção para cada faixa de energia.
Em tempo: a palavra-chave desta temporada é variedade com propósito. Não é volume por volume. É combinação de apostas seguras com novas vozes e países que ganharam musculatura no catálogo. Quando a vitrine é montada assim, o algoritmo agradece — e o assinante também.
Para facilitar futuras buscas, guarde este termo: Netflix setembro 2025. Vai ser o seu atalho para reencontrar a agenda e separar o que vai ver sozinho, com a família ou com os amigos. Sem enrolação, só play.