Quando Yoon Suk-yeol, presidente da Coreia do Sul falou ao Jornal O GLOBOSeul e disse que "as provocações nucleares só levarão ao fim do regime em Pyongyang", o alerta ecoou pelos corredores do Complexo Presidencial de Yongsan. A mensagem soa como um aviso direto ao Kim Jong Un, líder da Coreia do Norte, e tem tudo a ver com a escalada de tensões que tem marcado a península em 2024.
Contexto histórico e escalada de tensões
Desde o início do ano, Pyongyang tem abandonado a política de reunificação e adotado uma postura abertamente hostil. Em 2 de fevereiro, mísseis de cruzeiro foram disparados ao Mar Amarelo; já em 30 de janeiro, um outro míssil Hwasal‑2 cruzou a zona de exclusão sul‑coreana. Até 5 de janeiro, artilharia chegou a alvejar as ilhas de Yeonpyeong, Baengnyeong e Daecheong. Esses episódios foram seguidos por declarações ainda mais agressivas: no dia 10 de janeiro, Kim Jong Un classificou a Coreia do Sul como "principal inimiga" e ameaçou aniquilá‑la caso fosse provocada.
A mudança mais simbólica ocorreu em 2023, quando a Constituição norte‑coreana passou a garantir o direito ao armamento nuclear. Em fevereiro de 2024, Kim reiterou que o regime pode "legalmente aniquilar" o sul, citando a nova definição constitucional de “país hostil”. O professor Ruediger Frank, da Universidade de Viena, escreveu que esses discursos “põem fim ao tratamento das relações com Seul como um assunto interno”.
Detalhes da declaração de Yoon Suk-yeol
Sentado em seu escritório à 10h30 (horário local), nuclear foi a palavra‑chave que Yoon usou para fechar o discurso. Ele lembrou a fala de janeiro, quando considerou o regime de Kim "irracional" e advertiu que um governo sensato renunciaria ao arsenal atômico para garantir a vida do povo. A mensagem foi reforçada por um comunicado do Ministério da Defesa sul‑coreano, datado de 1° de janeiro, que prometeu eliminar o regime norte‑coreano caso usasse armas nucleares.
Para completar o quebra‑cabeça, Yoon citou pesquisas recentes: 71 % dos sul‑coreanos apoiam a ideia de adquirir armas nucleares próprias. Esse número subiu drasticamente após os testes de mísseis de maio e junho, bem como depois do reforço nuclear da China e das consequências da guerra na Ucrânia, que deixaram Seul ainda mais vulnerável.
Reações internas e externas
Dentro da Coreia do Sul, a declaração gerou aplausos entre os defensores do chamado “nuclear populismo”. Nas ruas de Seul, moradores comentam que, se a ameaça for real, o governo deve estar pronto para qualquer cenário. Por outro lado, críticos apontam o risco de uma escalada que pode acabar em conflito aberto.
Do lado norte‑coreano, a imprensa estatal não respondeu oficialmente ainda, mas analistas de segurança acreditam que a retórica de Kim pode se tornar ainda mais dura. Já nos Estados Unidos, a administração Biden, por meio de Kelsey Davenport, diretora de Política de Não‑Proliferação da Arms Control Association, ressaltou que não há ameaça iminente de ataque, embora mantenha a vigilância.
Análise de especialistas sobre risco de escalada nuclear
O professor Sungmin Cho, do Daniel K. Inouye Asia Pacific Center for Security Studies, descreve a postura de Seul como "ameaça de matar se usar armas nucleares, mas não se não usar". Essa estratégia, segundo ele, busca dissuadir Pyongyang sem cruzar a linha vermelha da guerra total.
Entretanto, especialistas americanos como Keir Lieber e Daryl Press alertam que ameaçar a sobrevivência da família Kim pode provocar um ataque preventivo. O analista Ankit Panda, do Carnegie Endowment, argumenta que o risco de escalada nuclear supera os benefícios de uma retórica tão agressiva.
Em contraste, o jornalista Joon Ha Park, da Korea Risk Group, destaca que a postura firme de Yoon pode ser necessária para manter a coesão interna e sinalizar aos aliados, sobretudo aos EUA, que Seul está pronta para “defender seu território a todo custo”.
Próximos passos e implicações regionais
O que vem a seguir? A resposta ainda está no ar. Seul pode aprofundar alianças com Washington, talvez revisitando a questão da presença de armas nucleares americanas em solo sul‑coreano. Ao mesmo tempo, Pequim observa atentamente, já que a Coreia do Norte tem laços estreitos com a China.
Para a população, o que importa é a percepção de segurança. Enquanto os números de apoio a armas nucleares permanecerem altos, qualquer movimento perceptível do Norte‑Coreano – seja um novo teste ou um discurso mais inflamado – pode acelerar a agenda de defesa.
- Data da declaração: 18 de novembro de 2024
- Local: Escritório presidencial, Complexo de Yongsan, Seul
- Principais provocação norte‑coreanas (jan‑fev 2024): mísseis Hwasal‑2, artilharia nas ilhas fronteiriças
- Opinião pública sul‑coreana: 71 % favorece arsenal nuclear próprio
- Posição dos EUA: Nenhuma ameaça imediata, mas monitoramento constante
Perguntas Frequentes
Qual foi o principal objetivo da declaração de Yoon Suk-yeol?
Yoon buscou dissuadir Pyongyang de usar armas nucleares ao advertir que provocação levará ao colapso do regime norte‑coreano, reforçando ao mesmo tempo a vontade interna de proteger a segurança nacional.
Como a população sul‑coreana tem reagido?
Pesquisas mostram que a maioria dos cidadãos – cerca de 71 % – apoia a ideia de adquirir armamento nuclear, vendo a retórica de Yoon como uma resposta necessária ao aumento das ameaças.
Quais são os riscos apontados por especialistas internacionais?
Especialistas como Keir Lieber e Daryl Press alertam que ameaçar diretamente a família Kim pode provocar um ataque preventivo de Pyongyang, aumentando drasticamente a probabilidade de um conflito nuclear.
O que a administração Biden está avaliando?
Kelsey Davenport, da Arms Control Association, indica que, apesar da escalada verbal, não há sinais de um ataque imediato da Coreia do Norte, mas o monitoramento militar permanece intensificado.
Quais podem ser os próximos movimentos de Seul?
Seul pode aprofundar acordos com Washington sobre defesa nuclear, ao mesmo tempo em que tenta evitar uma corrida armamentista na região, considerando ainda a postura de Pequim e a reação do mercado interno.
Glaucia Albertoni
outubro 11, 2025 AT 04:06Ah, então agora a Coreia do Sul usa discurso de “fim de regime” como quem lança um meme, né? 🤔😆
Fabiana Gianella Datzer
outubro 12, 2025 AT 02:20É interessante observar como a retórica de Yoon reflete não apenas uma estratégia de segurança, mas também uma resposta ao sentimento nacionalista em ascensão na Coreia do Sul. 🇰🇷✨
Carlyle Nascimento Campos
outubro 13, 2025 AT 00:33Olha só, cara! Se o Norte realmente fosse “irracional”, eles já teriam desistido da balinha nuclear há tempos!!! Você acha que ameaça de fim de regime vai esfriar a bomba?!!!
Igor Franzini
outubro 13, 2025 AT 22:46eu acho que o texto do yoon pode ser lido como um signal de deterraçãp, mas tem muita incertexas ainda. as manobras militares deixao a gente no limbo.
João e Fabiana Nascimento
outubro 14, 2025 AT 21:00Concordo que a abordagem de Yoon combina elementos de política interna e segurança externa; contudo, é crucial analisar como essa postura pode influenciar a diplomacia regional, especialmente nas relações com a China e os EUA.
Henrique Lopes
outubro 15, 2025 AT 19:13Então, a Coreia do Sul vai se virar numa “bomba relógio” só porque o Norte é irritante? Que brilhante, né? 🙄
joao teixeira
outubro 16, 2025 AT 17:26Todo esse papo de “fim de regime” não passa de um disfarce para um plano maior: instalar bases nucleares secretas nas ilhas sul‑coreanas enquanto o mundo finge que nada acontece.
Rodolfo Nascimento
outubro 17, 2025 AT 15:40Primeiramente, vale ressaltar que a estratégia de retórica agressiva adotada pelo presidente Yoon Suk-yeol tem precedentes históricos que remontam à Guerra Fria, quando potências ocidentais utilizavam a ameaça explícita de destruição como ferramenta de negociação. Em segundo lugar, a percepção popular sul‑coreana de que 71 % da população apoia a nuclearização reflete um fenômeno de psicologia coletiva, onde o medo constante molda opiniões de forma quase automática. Além disso, a escalada de mísseis Hwasal‑2 demonstra uma capacidade tecnológica que ultrapassa o simples simbolismo. Não se pode ignorar que a presença de armas nucleares americanas em solo sul‑coreano já está em discussão, e a postura de Yoon pode ser vista como um sinal de alinhamento com Washington. Também é importante mencionar que a China, como aliada tradicional da Coreia do Norte, monitorará qualquer movimento com grande atenção, o que pode resultar em uma resposta diplomática ou até militar. Outro ponto crítico é a possível reação interna de grupos pacifistas sul‑coreanos que, apesar de minoritários, têm voz ativa nas ruas de Seul e podem organizar protestos massivos contra a militarização. Ademais, especialistas como Keir Lieber e Daryl Press apontam que a ameaça direta à família Kim pode desencadear um ataque preventivo, o que aumentaria exponencialmente o risco de conflito nuclear. A lógica de dissuasão baseada em “ameaça de morte” tem sido criticada por estudiosos de direito internacional por violar normas de condução de guerra. Por fim, a comunidade internacional, incluindo a ONU, provavelmente emitirá resoluções condenando qualquer escalada, mas sem mecanismos efetivos de enforcement, tais declarações podem ser apenas simbólicas. Portanto, a situação demanda uma abordagem multilateral que vá além de simples discursos inflamados e inclua negociações sérias, garantias de segurança e, sobretudo, um compromisso genuíno com a desmilitarização da península.
Júlia Rodrigues
outubro 18, 2025 AT 13:53Esse papo é puro patriotismo exagerado.
Marcela Sonim
outubro 19, 2025 AT 12:06É incrível como alguns ainda defendem essa lógica de “ameaça como solução”. 🙄💡
Bárbara Dias
outubro 20, 2025 AT 10:20Realmente, a análise simples e direta revela que a retórica nuclear é mais show do que estratégia; precisamos de discussões de alto nível!.