Em outubro de 2025, os títulos públicos do Tesouro Nacional atingiram níveis de rentabilidade não vistos desde 2016. O Tesouro IPCA+ 2029 chegou a 8,09% ao ano em 17 de outubro — um pico que assustou até os mais experientes investidores. O que parecia uma simples oscilação de mercado, na verdade, foi o eco de uma derrota política que sacudiu o equilíbrio fiscal do país: a derrubada da Medida Provisória 1303 na Câmara dos Deputados em 8 de outubro. Sem a arrecadação extra prevista, o mercado passou a temer um rombo maior no orçamento de 2026. E quando o governo parece fraco, os juros sobem — rápido e sem piedade.
Por que os juros subiram tanto em poucos dias?
A Medida Provisória 1303 era o plano B do governo para tapar o buraco fiscal. Propunha aumentar impostos sobre aplicações financeiras — algo que, em teoria, deveria gerar R$ 15 bilhões em 2026. Mas a rejeição na Câmara, com 289 votos contra e apenas 201 a favor, foi um sinal claro: o Executivo não tem mais apoio para arrecadar mais. O mercado reagiu como um gato que ouve o som de uma porta se fechando. Em menos de dez dias, o Tesouro IPCA+ 2040 saltou de 7,25% para 7,42% ao ano, e o de 2050, de 7,07% para 7,11%. Os títulos de longo prazo, que normalmente têm menor volatilidade, viraram os mais sensíveis.Quanto dinheiro você realmente ganha com um IPCA+ de 8%?
Um investimento de R$ 10.000 no Tesouro IPCA+ 2029 com taxa real de 8,05% renderia, após quatro anos, R$ 5.582,35 líquidos — isso após descontar os 15% de imposto de renda. Desse total, R$ 2.155 vem da correção da inflação e R$ 3.427 da rentabilidade real. O saldo final? R$ 15.582,35. Ou seja, um retorno de 55% em quatro anos. Para quem pensa que "juros altos são temporários", esse número é um alerta: se a taxa real caísse para 5% — a média histórica —, o ganho cairia para R$ 4.058,37. Quase R$ 1.500 a menos. Isso não é só matemática. É poder de compra.Os grandes investidores estão correndo para comprar — e por um motivo
Enquanto o comum dos investidores hesita, os grandes fundos e gestores estão comprando como se o prazo fosse curto. Nos últimos leilões, o Tesouro IPCA+ 2030 vendeu 100% dos 300 mil títulos disponíveis, com taxa de 7,95%. O de 2035 também foi totalmente adquirido, a 7,63%. Até o título de 2060, com prazo tão distante que muitos nem lembram que existem, teve 54% de demanda — algo incomum. Por quê? Porque eles sabem algo que o público ainda não entendeu: o ciclo de juros altos está no fim. A Selic está em 15%, mas o mercado já precifica cortes a partir do segundo trimestre de 2026. Quem compra agora está "travando" uma rentabilidade que pode nunca mais voltar.Por que o Tesouro Direto virou o centro do jogo financeiro?
Cerca de metade da dívida pública brasileira está atrelada à Selic. Isso não é acidente. É estratégia. Quando o Banco Central quer controlar a inflação, ele ajusta os juros — e o Tesouro Direto é o instrumento que transmite esse sinal para milhões de pessoas. Agora, com a inflação sob controle e a economia frágil, o BC tem menos espaço para manter juros altos. Mas enquanto isso não acontece, o Tesouro Direto é o único ativo que oferece segurança e retorno real acima da inflação. E com a promoção da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão, chamada de "Black Friday do Tesouro Direto", novos investidores que aplicam mais de R$ 50 ganham R$ 30 de cashback. É como se o governo estivesse dizendo: "Se você não confia no mercado, confie em nós. Por enquanto, ainda vale a pena".
Qual é o risco escondido nesses juros altos?
O Tesouro IPCA+ 2029 está oferecendo o maior retorno real do ano — mas isso esconde um risco silencioso: o de reinvestimento. Quando o título vencer em 2029, o investidor terá R$ 15.582,35. Mas e daí? Se a Selic estiver em 8% ou 6% naquela data, ele não conseguirá replicar a mesma rentabilidade. Terá de aplicar em ativos com juros mais baixos. É como comprar um apartamento hoje com aluguel alto, e descobrir que, em 2029, o mercado de aluguel caiu pela metade. O ganho real está lá — mas o futuro é incerto. Por isso, especialistas recomendam diversificar: comprar títulos em diferentes vencimentos, de 2029 a 2040, para não depender de um único ponto de entrada.Quem ganha e quem perde com essa alta?
Ganham os poupançadores que migraram para o Tesouro Direto. Ganham os aposentados que buscam renda real. Ganham os pais que estão juntando para a faculdade dos filhos. Perdem os que deixaram o dinheiro na poupança, rendendo menos que a inflação. Perdem os que compraram títulos privados com juros fixos antes da virada — agora, esses ativos perderam atratividade. Perdem, também, os que acreditaram que o governo resolveria tudo com mais impostos. A derrota da MP 1303 foi um lembrete: não há solução fácil. Só há escolhas difíceis.Frequently Asked Questions
Por que o Tesouro IPCA+ ficou tão atrativo agora?
A alta das taxas ocorreu após a rejeição da Medida Provisória 1303, que gerou temor de déficit fiscal maior em 2026. Com isso, investidores passaram a exigir maior retorno para emprestar ao governo. O IPCA+ 2029 chegou a 8,09% ao ano, o maior nível desde 2016, tornando-o o ativo mais atrativo em termos reais — especialmente com a Selic em 15% e inflação controlada.
Vale a pena investir agora, ou devo esperar os juros caírem?
Se você quer garantir uma rentabilidade real acima de 8%, investir agora é inteligente. O mercado já precifica cortes na Selic a partir de 2026. Ao comprar hoje, você "trava" uma taxa que pode não existir mais em dois anos. Mas não invista tudo de uma vez: distribua entre títulos de 2029, 2035 e 2040 para reduzir o risco de reinvestimento no futuro.
Como a promoção da Black Friday do Tesouro Direto funciona?
A B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão oferece R$ 30 de cashback para novos investidores que aplicarem pelo menos R$ 50 em qualquer título do Tesouro Direto. O crédito é liberado em até 72 horas e pode ser usado para comprar mais títulos. É uma forma de incentivar a entrada de pequenos investidores — mas não muda o risco dos títulos, apenas reduz o custo inicial.
O que significa "juro real de 8%"?
Juro real é o retorno após descontar a inflação. Se o IPCA+ 2029 está a 8,09% ao ano, isso significa que você ganha 8,09% acima da inflação. Ou seja, mesmo que a inflação suba 5%, seu poder de compra aumenta 8,09%. Isso é raro: na maioria dos países, títulos públicos pagam menos de 3% de juro real. No Brasil, agora, é possível conseguir quase o dobro.
Por que os títulos de longo prazo (2040, 2050) subiram tanto?
Porque eles são mais sensíveis às expectativas futuras. Quando o mercado acredita que o governo não vai resolver o déficit, os investidores exigem mais prêmio por expor seu dinheiro por mais tempo. O IPCA+ 2050 subiu de 7,07% para 7,11% em dias — um movimento pequeno, mas significativo. Isso mostra que a desconfiança não é só de curto prazo, mas estrutural.
O Tesouro Direto ainda é seguro?
Sim. O Tesouro Direto é garantido pelo Tesouro Nacional, o que o torna o ativo mais seguro do Brasil. Mesmo em cenários de crise, o governo paga. O risco não está na inadimplência, mas na perda de poder de compra caso você precise vender antes do vencimento — por isso, só compre se tiver horizonte de investimento compatível com o prazo do título.